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Projeto Marsupiais

Uma jornada pelo período reprodutivo dos gambás


Gambá transportando filhotes em suas costas
Mãe gambá transportando filhotes | FOTO: Leonardo Merçon

Você sabia que estamos entrando no período de reprodução dos gambás? De julho a março, é comum observar um aumento nas aparições e acidentes com esses animais, na maioria das vezes próximos à florestas e/ou  áreas urbanas. Sabendo da importância da conservação e proteção dos Didelfídeos (nome científico dado a essa família de marsupiais) para o equilíbrio do meio ambiente, nós do Projeto Marsupiais, separamos algumas informações para ampliar seu conhecimento e consciência sobre como e quando ocorre a reprodução desses animais tão presentes nas nossas vidas.


Os marsupiais, ao contrário dos mamíferos placentários, possuem um curto desenvolvimento fetal e ficam apenas por um estágio inicial breve no útero da mãe. Quando nascem, necessitam continuar sua formação presos às mamas das mães. Em algumas espécies há uma bolsa externa, o marsúpio, que proporciona um ambiente protegido onde os filhotes se alimentam e crescem. Os prematuros apresentam poucos centímetros de comprimento e quase não têm pelos. 


Gambá fêmea transportando filhotes no marsúpio
Gambá fêmea transportando filhotes no marsúpio | FOTO: Leonardo Merçon

O marsúpio é um ambiente que confere proteção para o filhote, que, seguro, agarra-se aos mamilos da genitora para alimentar-se do leite materno. Essa substância varia sua composição para atender às necessidades do filhote, à medida que o mesmo cresce e se desenvolve. 


Durante o seu crescimento, o pequeno marsupial pode passar períodos fora do marsúpio, mas ainda continua a amamentar até que esteja apto para sobreviver de forma independente. O período que o filhote passa na bolsa varia entre as diferentes espécies.


A reprodução pode ocorrer em diferentes épocas. Algumas espécies têm um período definido, enquanto outras passam pelo processo ao longo de todo o ano. Os gambás, animais do gênero Didelphis, também conhecidos como saruê, timbu, cassaco, mucura e outros, são marsupiais que pertencem à ordem Didelphimorphia e tem um período reprodutivo que se  inicia no mês de julho e posteriormente em novembro, com variações que dependem das condições ambientais. Desta forma, é comum encontrar fêmeas com filhotes entre os meses de agosto a março.


Durante o período de acasalamento, os machos competem por fêmeas, podendo ocorrer comportamentos territoriais e de exibição. A gestação dos gambás dura cerca de 12 a 14 dias e  após esse período, o filhote é atraído pelo cheiro do leite até o marsúpio. Apesar de o marsúpio dos gambás não ser tão desenvolvido quanto o de outros marsupiais, ele é suficiente para proteger e nutrir os filhotes por várias semanas. À medida que crescem, os filhotes soltam das mamas e começam a explorar o ambiente (ainda agarrados ao corpo da mãe), mas retornam para a amamentação e proteção. 


Chega um momento em que o filhote é deixado no ninho e a mãe sai em busca de alimento sozinha. Nesse período o filhote começa a desbravar a área ao redor do ninho e realiza pequenos passeios para variar a dieta, com frutos, insetos e outros comestíveis encontrados pelo caminho. Em torno de 90 dias de vida, ele já está totalmente formado e pronto para sobreviver de forma independente na natureza.


Ao longo do período reprodutivo, o aumento na visualização e encontro com esses animais nas cidades ocorre de forma significativa, trazendo com eles grandes preocupações. Nesta época, os ataques por cães domésticos, atropelamentos, choques por fiação elétrica e até mesmo os resgates domésticos são muito mais comuns. Muito dessa problemática tem como causa a expansão urbana e a busca dos animais por alimentos, dentro do perímetro urbano. Além disso, como as fêmeas carregam os filhotes em seu marsúpio, elas acabam se deslocando de forma mais lenta, contribuindo para o cenário desastroso.


Caso encontre ou aviste um gambá, primeiramente observe, mantenha distância e oriente os demais a não tentar manusear o animal, ele pode estar somente de passagem. Caso veja que ele está ferido, preso, ou seja um filhote abandonado no qual a mãe não voltou para buscá-lo, procure ajuda de um profissional ou órgão ambiental. 


Ficou com alguma dúvida? Entre em contato conosco e/ou acesse nosso Boletim Técnico para saber mais informações sobre nossos queridos gambás.


Projeto Marsupiais 

O Projeto Marsupiais vem desenvolvendo e planejando o trabalho de resgate e reabilitação dos marsupiais que necessitem de cuidados. Este trabalho acontece inicialmente nas cidades da Grande Vitória, no Espírito Santo.


Com auxílio de parcerias, pretendemos realizar o resgate e deslocamento do animal até um centro de tratamento, para que o mesmo possa ser avaliado por especialistas, indicando assim o estado de saúde do animal e os cuidados necessários.


Para a reabilitação, são avaliadas as metodologias já utilizadas e adaptá-las, caso necessário, para que os marsupiais possam ser soltos na natureza com maiores chances de sobrevivência. Ainda nesse sentido, um dos objetivos do projeto é capacitar voluntários para realizar os cuidados e a reabilitação dos animais, além de criar um banco de contatos de pessoas capacitadas e regularizadas para realizar esse tipo de atividade.


Por ser uma organização sem fins lucrativos, o Instituto Últimos Refúgios depende de doações para dar continuidade aos projetos em desenvolvimento. Para o Projeto Marsupiais não é diferente. Saiba como contribuir com as atividades do projeto clicando aqui.


Texto: Ana Messias, Ingrid Araújo Costa e Mayara Amaro

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