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Projeto Marsupiais e Herpeto Capixaba -

Proteína de Gambás pode ser Antídoto Universal contra picadas de Serpentes Peçonhentas


Gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita) e Jararaca-da-mata (Bothrops jararaca). Foto: Leonardo Merçon - Instituto Últimos Refúgios

Ainda que discriminados pela população, os gambás são espécies fundamentais para o equilíbrio ecológico e manutenção de habitats naturais. A conservação destes animais oferece inúmeros benefícios ao meio ambiente e aos seres humanos, embora a maioria não saiba disso.


A espécie é bastante confundida com o rato-de-esgoto (Rattus rattus), animal exótico (que não ocorre no Brasil) trazido ao continente americano na época das grandes navegações e que até hoje causa graves problemas de saúde pública.


A falta de informação impacta diretamente os gambás. Por serem confundidos com animais considerados como pragas, são vítimas da caça e de ataques por envenenamento. As quatro espécies de gambás da fauna brasileira são respaldadas pela Lei nº 9.605/98 a favor da proteção da fauna, que pune com multa e/ou reclusão de no mínimo um ano pessoas que maltratam ou causam prejuízo a animais silvestres.



GAMBÁ COME COBRA?

Gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita). Foto: Leonardo Merçon - Instituto Últimos Refúgios.

Acreditamos que muitas pessoas se surpreenderiam se respondêssemos que “sim” à esta pergunta. Pois saiba que esta é a verdade: gambás comem cobras. E tem mais, eles comem as espécies peçonhentas também. Peçonhentas? Isso quer dizer venenosas? Mais ou menos. Depois voltamos nesse assunto.



COBRAS OU SERPENTES: ORIGEM DOS TERMOS

Vamos falar um pouco das cobras. Ou seriam serpentes? Bom, no popular, os dois termos estão corretos. Mas se quisermos um pouco mais de rigor, devemos chamar de serpentes.


A palavra serpente serve para designar os animais da subordem “serpentes”. As subordens são classificações criadas para separar os animais em grupos. Por exemplo: lagartos e serpentes são répteis que possuem escamas, mas são diferentes entre si.


Logo, apesar de fazer parte do grupo dos répteis escamados (ordem dos escamados), suas subordens são diferentes: lagartos pertencem à subordem “Lacertilia”, enquanto as serpentes à subordem “Serpentes”.


O termo cobra, muito comum para se referir às serpentes, tornou-se popular no Brasil já no início da colonização pelos portugueses. Eles desembarcaram em terras Tupiniquins e deram de cara com animais sem patas que lembravam muito os animais existentes no continente asiático.


Estes animais, na Ásia, eram chamados de cobras, e correspondem às espécies que conhecemos como najas (Naja sp.) e cobra-rei (Ophiophagus hannah).


Vale ressaltar que o que difere uma cobra de uma serpente são as costelas nucais (capelo) que as najas e cobras-rei possuem.


Coral-verdadeira (Micrurus corallinus). Foto: Thiago Silva-Soares - Herpeto Capixaba.


Atualmente existem cerca de 3.800 espécies de serpentes conhecidas no mundo. O Brasil, possuindo uma das maiores biodiversidades do planeta, abriga aproximadamente 11% de toda essa biodiversidade de serpentes (405 espécies).


Jararacuçu (Bothrops jararacussu). Foto: Thiago Silva-Soares - Herpeto Capixaba.


Destas 405 espécies, aproximadamente 75 são peçonhentas e oferecem risco à saúde pública, sendo, portanto, de interesse médico.


Cascavel (Crotalus durissus). Foto: Thiago Silva-Soares - Herpeto Capixaba


São elas: todas as espécies da família Viperidae (víboras), como as jararacas (gêneros Bothrops e Bothrocophias), cascavéis (gênero Crotalus) e surucucu (Lachesis muta); e todas da família Elapidae, as corais-verdadeiras (gêneros Micrurus e Leptomicrurus).



VENENO OU PEÇONHA

Lembra que falamos sobre venenoso e peçonhento? São duas nomenclaturas muitas vezes utilizadas como palavras sinônimas. No popular, mais uma vez, não há nada de errado em sinonimizar estes termos. Cientificamente, são diferentes.


Jararaca-da-mata (Bothrops jararaca). Foto: Leonardo Merçon - Instituto Últimos Refúgios


Venenoso é aquele que possui (produz) substâncias tóxicas em seu corpo, porém, não é capaz de injetar essa substância (veneno). Temos como exemplo o sapo, venenoso, pois não pode nos injetar seu veneno.


O peçonhento, por sua vez, também produz substâncias tóxicas, porém possui algum mecanismo de injeção dessa substância (peçonha), como no caso das serpentes peçonhentas. Elas injetam peçonha com a ajuda de suas presas (dentes inoculadores).



AÇÃO DA PEÇONHA

Cada espécie possui uma peçonha com características particulares. As jararacas, por exemplo, possuem toxinas com ações proteolíticas (destruindo proteínas) e hemorrágicas, que podem resultar na inflamação e necrose do membro atingido.


Cascavel (Crotalus durissus). Foto: Thiago Silva-Soares - Herpeto Capixaba


Já as cascavéis possuem toxinas que afetam o sistema nervoso e renal. Outras ações são o surgimento de coágulos e lesões musculares.


As corais possuem peçonha neurotóxica que ataca a visão, causa dores musculares e insuficiência respiratória.


A surucucu, por sua vez, possui peçonha com ações similares ao das jararacas: ação proteolítica, hemorrágica e neurotóxica, que podem levar à necrose e amputação do membro afetado.



PROBLEMAS PARA O SER HUMANO

Segundo o SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), em 2017 ocorreram 28.636 acidentes ofídicos no Brasil, dos quais 106 (0,4%) levaram as vítimas ao óbito.


A porcentagem bate com a média anual apresentada pelo Ministério da Saúde. A média anual é de 20 mil casos, com cerca de 0,4% de óbitos.


Esta média é bem menor do que a média mundial. A Organização Mundial da Saúde estima que ocorram entre 1,8 milhão e 2,7 milhões de acidentes ofídicos, com o número de óbitos variando entre 81 e 138 mil (cerca de 5% dos casos mundiais resultam em morte).


Apesar da existência do soro antiofídico e de sua eficácia, outra alternativa seria muito valiosa, visto que o soro que utilizamos possui algumas limitações e desvantagens.


No Brasil e outras partes do mundo, utiliza-se soros antiofídicos obtidos a partir de cavalos. Para obtê-los, é extraída a peçonha da serpente e introduzida no organismo de um cavalo, que reage desenvolvendo anticorpos.


Dessa forma, os soros produzidos são específicos para o tipo de peçonha da serpente utilizada. Vale ressaltar que o cavalo continua saudável, pois a peçonha é injetada em dose não letal no organismo do mesmo.


Além disso, esses soros utilizados podem causar efeitos colaterais nos pacientes, causando desconfortos ou até mesmo problemas mais graves.


Sendo assim, estudos sobre o desenvolvimento de novos medicamentos para o tratamento de acidentes com serpentes tornam-se muito importantes.


Apesar dos Gambás possuírem, em seu organismo, substâncias que neutralizam a ação da peçonha, ainda não existem medicamentos feitos com base nestes compostos.



RESISTÊNCIA À PEÇONHA POR MARSUPIAIS

Pequenos mamíferos mordidos por serpentes geralmente morrem rapidamente de choque cardiovascular induzido por ação sinérgica de muitos componentes diferentes da peçonha.


Suricatos (Suricata suricatta). Foto: Leonardo Merçon - Instituto Últimos Refúgios

Diversas espécies já foram descritas como resistentes a peçonhas, outras com certo grau de imunidade. Por exemplo, os suricatos (Suricata suricatta) são resistentes à peçonha de espécies que coabitam a mesma região. No entanto, o que vemos nos gambás vai além disso.


Gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita). Foto: Leonardo Merçon - Instituto Últimos Refúgios


Gambás têm predileção em comer serpentes. No passado, indivíduos que possuíam imunidade a peçonha podiam se alimentar delas ou simplesmente não serem predados. Assim, tinham mais chances de sobrevivência e de deixar descendentes. Dessa forma a imunidade a peçonhas se estabeleceu.


Qual a melhor forma de inibir uma substância tóxica? Reagindo com uma substância neutralizante: o LTNF (sigla em inglês para Fator Neutralizante de Toxinas Letais), que nada mais é do que um peptídeo, formado por 11 aminoácidos de uma proteína do gambá.


Os gambás produzem LTNF que bloqueiam efeitos da peçonha, como hemorragia, edema, danos ao sistema nervoso, lesões musculares, problemas cardiovasculares entre outros. É como mágica, mas é só evolução.


Filhote de Cuíca-quatro-olhos (Philander quica) em reabilitação. Foto: João Pedro Zanardo - Instituto Últimos Refúgios


Desde de 1976, Jack Kilmon descreve a resistência de gambás para peçonhas. Em 2011, Jansa e Voss, relataram a evolução adaptativa da proteína hemostática direcionada a peçonha, e sugeriram não só o gênero Didelphis (Gambás), mas também as espécies do gênero Lutreolina (Cuíca-de-cauda-grossa) e do gênero Philander (Cuícas-quatro-olhos) como resistentes a peçonhas.


Cuíca-d’água (Chironectes minimus). Foto: Leonardo Merçon - Instituto Últimos Refúgios


Eles ainda destacam que a espécie Chironectes minimus (Cuíca-d’água) tenha algum grau de imunidade, mas os dados não são conclusivos e necessitam de estudos.



APLICAÇÕES NOS SERES HUMANOS

Poderiam os Gambás ajudarem os seres humanos na produção de medicamentos contra picada de serpentes peçonhentas? A resposta é sim. Estudos estão sendo feitos para verificar se os LTNF dos Gambás podem ser utilizados no tratamento de pessoas que sofreram acidentes com serpentes.


Claire Komives e sua equipe desenvolveram alguns trabalhos para a produção de um antídoto barato e eficiente para a maioria das serpentes do mundo.


Primeiro eles utilizaram uma bactéria (Escherichia coli) para produzir uma cadeia longa, composta pelos 11 primeiros aminoácidos da proteína do gambá, repetida várias vezes, e depois usaram uma protease (enzima) para cortar o produto em peptídeos individuais.


Depois foram realizados os testes em ratos, que sobreviveram mesmo após receberem uma dose letal de peçonha de cascavel junto com o LTNF. Assim foi comprovada a eficiência do LTNF em outros animais além dos gambás.


Os testes também foram realizados com peçonhas de outras serpentes e tiveram resultados positivos. Isso mostra a eficiência da proteína do gambá ser um antídoto universal.


Ainda são necessários mais estudos para que o antídoto seja utilizado em seres humanos. Em entrevista a C&EN, Claire Komives afirma que o próximo passo será o teste em animais domésticos, frequentemente atacados por serpentes.



IMPORTÂNCIA DOS GAMBÁS

Assim como as serpentes, gambás também sofrem perseguição do ser humano. Algumas pessoas comem, outras matam por não gostarem.


No entanto, além de terem o direito à vida (como qualquer outro ser vivo), o gambá ainda pode nos ajudar: diretamente, com a possibilidade da utilização da LTNF para inibir a peçonha das serpentes; e indiretamente, promovendo o equilíbrio biológico daquele local, controlando espécies de serpentes e servindo de alimento para outras espécies.


Trabalhos como estes mostram não só a importância dos gambás, mas de toda nossa biodiversidade. Podemos encontrar a cura para diversas doenças em plantas e animais. Proteger as florestas é extremamente necessário a vida de todos, incluindo nós, seres humanos. Portanto, não mate! Preserve. Abrace esta causa com a gente!


 

Esta matéria é resultado de uma parceria entre o Projeto Marsupiais e o Herpeto Capixaba.



Herpeto Capixaba, projeto fundado em 01 de Outubro 2017 pelo biólogo especializado em herpetologia, Dr. Thiago Silva-Soares, busca trazer o estado da arte da ciência atual relacionada à herpetologia no Estado do Espírito Santo. Através da pesquisa e difusão científica em prol do conhecimento e conservação da herpetofauna, o Herpeto Capixaba vêm preenchendo as lacunas de conhecimento acerca dos anfíbios e répteis capixabas. Além de conhecer a diversidade dos anfíbios e répteis da Mata Atlântica Capixaba, visamos compreender a relação do herpetofauna com as possíveis adversidades à que podem estar submetidos, tais como índices de atropelamento, malformações e seus causadores, exposição a agrotóxicos, parasitismo, presença de agentes patógenos, espécies invasoras, entre outras.



PROJETO MARSUPIAIS

As ações do projeto visam a permanência das espécies de marsupiais nos ambientes naturais, assim eles poderão contribuir exercendo seu papel ecológico. As ações de conservação dos marsupiais realizadas pelo projeto envolvem principalmente a disseminação de informações e curiosidades sobres essas espécies e com isso é possível sensibilizar a população para a importância dos animais, como os gambás, que por vezes são muito discriminados.


O projeto também atua em apoio ao resgate, cuidados, reabilitação e soltura de marsupiais. Com isso, ajuda a manter as populações de gambás e cuícas em ambientes de preservação.


As pesquisas do projeto estão em seus anos iniciais, com o objetivo de preencher lacunas acerca do conhecimento sobre as espécies de marsupiais. Ainda há muito o que conhecer sobre a fauna presente nos biomas brasileiros e do mundo.


Texto: Iasmin Macedo, bióloga e coordenadora do Projeto Marsupiais; Ana Clara Mardegan, estagiária de jornalismo do Instituto Últimos Refúgios; e Bryan da Cunha Martins, biólogo membro do Herpeto Capixaba.


 

FONTES SUGERIDAS

Lipps, B. V. (1999). Anti-lethal Factor From Opossum Serum Is A Potent Antidote For Animal, Plant And Bacterial Toxins. Journal of Venomous Animals and Toxins, 5(1), 56-66. https://doi.org/10.1590/S0104-79301999000100005


Hebbi, V. et al. (2018). Process for production and purification of lethal toxin neutralizing factor (LTNF) from E. coli and its economic analysis. J Chem Technol Biotechnol; 93: 959–967. https://doi.org/10.1002/jctb.5537


Komives, C. F. et al. (2016). Opossum peptide that can neutralize rattlesnake venom is expressed in Escherichia coli. Biotechnology Progress 33(1). https://doi.org/10.1002/btpr.2386


Jansa S.A., Voss R.S. (2011). Adaptive Evolution of the Venom-Targeted vWF Protein in Opossums that Eat Pitvipers. PLoS ONE 6(6): e20997. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0020997


J. A. Kilmon, SR. (1976). High Tolerance To Snake Venom By The Virginia Opossum, Didelphis virginiana. Toxicon, 1976, Vol. 14, pp. 337-340. Pergamon Press. Printed in Great Britain. https://doi.org/10.1016/0041-0101(76)90032-5


Gutierrez J.M., Escalante T., Rucavado A. (2009). Experimental pathophysiology of systemic alterations induced by Bothrops asper snake venom. Toxicon 54: 976–987. DOI: 10.1016/j.toxicon.2009.01.039. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19303034/


Oliveira, M. E., Santori, R. T. (1999). Predatory Behavior of the Opossum Didelphis albiventris on the Pitviper Bothrops jararaca, Studies on Neotropical Fauna and Environment, 34:2, 72-75. http://dx.doi.org/10.1076/snfe.34.2.72.2105



Costa, H. C; Bérnils, R. S. Répteis do Brasil e suas Unidades Federativas: Lista de espécies. Herpetologia Brasileira. v. 8, n. 1 p. 11-57. 2018. https://www.researchgate.net/publication/324452315_Repteis_do_Brasil_e_suas_Unidades_Federativas_Lista_de_especies


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Da Cruz, M.; Rangel Soares, I.; Stefane Rocha Marques, D.; Fabiano Carvalho Siqueira, I.; Alberto Schneider, A.; Da Silva Cutruneo Ceschini, M. Intervenção pedagógica: desmistificando os animais peçonhentos e venenosos. anais do salão internacional de ensino, pesquisa e extensão, v. 11, n. 1, 14 fev. 2020 https://periodicos.unipampa.edu.br/index.php/SIEPE/article/view/87284


Silvestre. Cobra ou serpente: afinal de contas, qual o termo correto? Disponível em: <https://www.silvestrepe.com/single-post/2018/04/14/COBRA-OU-SERPENTE-AFINAL-DE-CONTAS-QUAL-O-TERMO-CORRETO#:~:text=A%20palavra%20cobra%20em%20portugu%C3%AAs,coluber%E2%80%9D%2F%E2%80%9Dcolubra%E2%80%9D.&text=Os%20Portugueses%20antes%20mesmo%20de,M%C3%A9dia%20e%20at%C3%A9%20antes%20disso). > acesso em 14 de julho de 2020


Ministério da Saúde. Acidentes por animais peçonhentos - serpentes. Disponível em: <https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/acidentes-por-animais-peconhentos-serpentes>. Acesso em 14 de julho de 2020.

 

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