Projeto Marsupiais: voluntário apresenta método de enriquecimento ambiental para gambás em cativeiro
Foto: Iasmin Macedo
Voluntário no Projeto Marsupiais, Carlos Eduardo de Noronha, apresentou no mês de março, um projeto que pode ser considerado valioso nas pesquisas científicas com gambás até o momento.
O Trabalho de Conclusão de Curso, que foi apresentado ao departamento de biologia da Universidade Federal do Espírito Santo, teve como objetivo realizar um enriquecimento ambiental do tipo alimentar com Gambás recebido no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Espírito Santo. Noronha desenvolveu um plano de alimentação específico para esses animais, levando em consideração suas necessidades nutricionais e preferências alimentares. Além disso, o pesquisador também realizou um estudo de comportamento dos Gambás após a implementação do enriquecimento ambiental, comprovando a eficácia da metodologia.
O enriquecimento ambiental, consiste em uma técnica comumente utilizada em animais em cativeiro como objetivo de aumentar o bem-estar das espécies, simulando algumas situações do seu habitat natural.
Para o trabalho, Carlos adotou dois modelos de enriquecimento, os “Tubos Surpresa”, que correspondem a uma plataforma de madeira, na qual são colocados tubos de PVC para que os gambás tentem pegar a comida de dentro, além do “Quebra-cabeça alimentar”, uma caixa de madeira com três caixas menores no interior, contendo tampas com alças; o intuito é que o gambá puxe a alça, abra a tampa e pegue a comida que está dentro.
Modelos "Tubos Surpresa" e "Quebra-Cabeça Alimentar"/ FOTOS: Carlos Noronha
O experimento, todo registrado em vídeo, foi feito com oito grupos, cada um com três animais.
“As gravações começavam sempre no final da tarde, entre 16:30h e 17h e duravam a noite inteira, com cada grupo sendo gravado duas vezes. Quatro grupos começaram a ser gravados com a presença do modelo no primeiro dia e ausência do modelo no segundo, e o processo inverso era feito com os restantes. No total, foram mais de três mil vídeos gravados”, explicou Carlos.
Gravação durante o experimento/ VIDEO: Carlos Noronha
O trabalho de Noronha foi bem recebido pela banca examinadora com nota máxima e aclamação do público presente, que elogiou a iniciativa e a relevância do projeto para a conservação da fauna brasileira.
A coordenadora do Projeto Marsupiais, Iasmin Macedo, não poupou elogios e ressaltou a importância do projeto no cenário científico.
“Não tenho como não ficar feliz com esse resultado, foi o primeiro voluntário do Projeto Marsupiais a desenvolver e concluir uma pesquisa científica de conclusão de curso de graduação. Além disso, é uma pesquisa super importante para aprofundarmos mais o conhecimento dessa espécie de marsupial que vive tão perto da gente. Seus resultados nos ajudam a melhorar a forma com que trabalhamos com essa espécie em cativeiro, sempre buscando a soltura dos animais reabilitados. Espero que o Cadu seja um bom exemplo para os voluntários que vierem a atuar junto com a gente, ou então que inspire pesquisadores de todo Brasil. Ele tirou nota dez com a banca examinadora, mas a equipe do Instituto dá nota mil pra ele!”, concluiu Iasmin que é a atual presidente do Instituto Últimos Refúgios.
Carlos, agora, junto à professora orientadora do projeto, está fazendo alguns ajustes e pretende publicar o trabalho em uma revista científica posteriormente.
Você pode ler o trabalho de conclusão de curso “TÉCNICAS DE ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL PARA GAMBÁS-DE-ORELHA-PRETA (DIDELPHIS AURITA WIED-NEUWIED, 1826) EM CATIVEIRO” clicando abaixo (versão apresentada à universidade):
O Instituto Últimos Refúgios e a equipe do Projeto Marsupiais agradece a equipe do Centro de Triagem de Animais Silvestres do Espírito Santo (CETAS/IBAMA/ES), Decio Luiz Castellões Motta, Josiano Cordeiro Torezani, Rogério dos Santos Araújo e demais colaboradores, pela parceria e apoio no desenvolvimento desta pesquisa.
Este trabalho faz parte das ações de conservação do Instituto Últimos Refúgios e Projeto Marsupiais, por meio do acordo de cooperação técnica que estabelece apoio operacional ao Centro de Triagem de Animais Silvestres do IBAMA em Serra/ES (N° 02009.000713/2018-56, SEI no 5856861).
FOTOS: Carlos Noronha
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