Projeto Harpia completa nove meses de atuação no Parque Estadual do Rio Doce
Equipe do Projeto Harpia e Semente reunida no PERD / Reprodução: Projeto Harpia
Nos últimos meses, o Projeto Harpia vem deslocando parte de sua equipe da Mata Atlântica para o Parque Estadual do Rio Doce (PERD), com o objetivo de encontrar e mapear a distribuição de cinco espécies de águias florestais, tendo como foco principal a busca pelo majestoso gavião-real (Harpia harpyja), também conhecida como Harpia. Ao todo já são mais de 65 dias em campo percorrendo o território do parque, concentrando esforços em áreas de grande potencial, cuja vegetação primária conta com a presença de árvores imponentes e centenárias, (e.g. jequitibás, sapucaias e parajus) que se destacam na paisagem exuberante.
Além dos esforços dentro das matas, também tem sido feito um trabalho envolvendo as comunidades do entorno (ciência cidadã), através do qual a equipe mantém diálogo com moradores e funcionários do parque; uma forma de investigação colaborativa e eficiente. Não por coincidência, o Projeto Harpia obteve relatos expressivos sobre a presença do gavião-real e de alguns de seus “primos” florestais dentro do PERD. Você pode conferir em matéria já postadas no site anteriormente: Confira - "Projeto Harpia oficializa sua primeira ave de rapina na região do PERD" Confira - "Projeto Harpia: Parque Estadual do Rio Doce entra no mapa de identificação e proteção do Gavião-real"
Gavião-de-Penacho e gavião-pato respectivamente / FOTOS: Brener Fabres e Filho Manfredini
Até o momento, o Projeto Harpia tem conseguido fazer o acompanhamento do gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus), cuja área de ocorrência de quatro casais foi mapeada, além do gavião-pato (Spizaetus melanoleucus), com mapa de ocorrência de pelo menos cinco casais. Vale salientar que a equipe encontrou o ninho de um casal de gavião-de-penacho, onde uma câmera de monitoramento foi instalada para acompanhamento reprodutivo.
Ninho do gavião-de-penacho fotografado por armadilha fotográfica (câmera trap) / Reprodução: Projeto Harpia
Outro destaque é que, além das espécies-alvo, o Projeto Harpia tem registrado outros tipos de aves de rapina que possuem uma grande relevância para a conservação, sobretudo por sua raridade e nível de ameaça; caso do gavião-pombo-pequeno (Amadonastur nacernulatus) e o gavião-bombachinha-grande (accipiter bicolor).
As buscas continuam e a equipe está na expectativa de, nas próximas campanhas, documentar a presença do gavião-real e também do uiraçu (Morphnus guianensis) no maior remanescente de Mata Atlântica de Minas Gerais, o Parque Estadual do Rio Doce.
O projeto é financiado pelo ministério público de Minas gerais através da plataforma SEMENTE, que possibilita que diversos projetos no âmbito cultural, social e ambiental sejam executados. A plataforma Semente, tem o objetivo de aprimorar a atuação dos Promotores de Justiça na defesa do ambiente natural, cultural e urbanístico e de garantir maior segurança jurídica e transparência na destinação das medidas compensatórias ambientais. Representantes da plataforma acompanham o projeto de perto durante todo o período vigente.
Projeto Harpia
Há mais de 20 anos, a descoberta de um ninho de gavião-real nas florestas da região norte do Brasil, próximo a Manaus, dava origem ao que viria a se tornar o “Projeto Harpia”. A oportunidade de proteger a espécie - ameaçada de extinção desde 2014 - inspirou um pequeno grupo de biólogos a desenvolver estratégias de identificação, mapeamento e monitoramento de ninhos com ajuda de voluntários engajados na luta pela conservação da ave na Amazônia brasileira.
O projeto cresceu e passou a atuar em diversas localidades do Brasil, como o Cerrado mato-grossense, a Mata Atlântica capixaba e mineira. O "Programa de Conservação do Gavião-real" (PCGR) foi rebatizado como “Projeto Harpia”, consolidando-se como a iniciativa do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), com diversos parceiros espalhados pelo Brasil, incluindo o Instituto Últimos Refúgios, que atuam no mapeamento e monitoramento da espécie gavião-real em regiões da Amazônia, do Cerrado e da Mata Atlântica capixaba.
As ações apoiam o desenvolvimento de pesquisas científicas, a reabilitação de aves feridas, a sensibilização ambiental e o incentivo ao turismo sustentável com ajuda de pesquisadores, biólogos, voluntários e estudantes. A equipe ainda conta com ajuda de comunidades locais para monitoramento de ninhos em habitat natural.
Equipe do Projeto Harpia durante atividades no PERD / Reprodução: Projeto Harpia
O Projeto Harpia PERD é uma realização do grupo Unidos Pelo PERD, que conta com o envolvimento das seguintes instituições. Instituições: Instituto Últimos Refúgios, Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), Muriqui Instituto de Biodiversidade (MIB), Waita Instituto de Pesquisa e Conservação e Universidade Federal de São João del-Rei (UFJS).
Projetos: Projeto Harpia, Projeto Tatu Canastra, Primatas Perdidos, Projeto Bicudos e Projeto Carnívoros do Rio Doce.
Apoio: Plataforma Semente, Caoma MPMG, Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG), Parque Estadual do Rio Doce (PERD), Instituto de Florestas (IEF), Governo do Estado de Minas Gerais e Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
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