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Pesquisa e conservação: conheça a restinga da Praia de Itaparica, em Vila Velha/ES

A restinga é um dos ecossistemas que mais sofre com a especulação imobiliária e o desenvolvimento das cidades no litoral brasileiro. Apesar de resistir às agressões do ambiente, como solos arenosos, altas temperaturas, ventos fortes e a salinidade marinha, a ação humana ainda é a principal inimiga do ecossistema para sua permanência na natureza.

Praia de Itaparica, Vila Velha/ES. Foto: Leonardo Merçon


As restingas apresentam valor inestimável à Mata Atlântica, consagrando-se pela alta resiliência e biodiversidade de plantas e vegetais. São responsáveis por controlar a erosão da areia das praias e o avanço do mar até estabelecimentos próximos ao litoral; por abrigar uma grande variedade de animais e plantas silvestres; por auxiliar na conservação de outros ecossistemas e servir como fonte de renda para muitas famílias e comunidades.


A degradação da vegetação nativa para construção de casas e empreendimentos impacta diretamente a capacidade regenerativa das restingas, que sobrevivem graças à relação harmônica entre as espécies de sua rica biodiversidade.


PESQUISA E RESULTADOS

O biólogo Lucas Lovatti e o coordenador de educação ambiental do Instituto Últimos Refúgios, João Zanardo, desenvolveram, entre 2018 e 2019, uma pesquisa na restinga da Praia de Itaparica (Vila Velha/ES) para avaliar o estado de conservação do ecossistema em uma área com grande fluxo de pessoas.

João Zanardo e Lucas Lovatti, respectivamente. Foto: Leonardo Merçon


O trabalho contou com apoio de alunos do Centro Universitário FAESA, do ambientalista e presidente da AVIDEPA (Associação Vila Velhense de Proteção Ambiental) César Musso, do Instituto Últimos Refúgios, e do fotógrafo Leonardo Merçon, que registrou as fotografias para o estudo.


Foram avaliados 4155 plantas de 34 espécies (entre elas, sete exóticas) em uma área de 580 m². A pesquisa revelou grandes impactos antrópicos na região, como a prevalência de áreas fragmentadas, redução significativa das faixas de vegetação e perda de biodiversidade.

Áreas fragmentadas. Foto: Leonardo Merçon


O destaque vai para a Aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi), espécie observada em 75% da área estudada, bem maior que a quantidade esperada. A planta é considerada “oportunista” pela facilidade em adaptar-se a ambientes degradados, denunciando problemas ambientais e, consequentemente, as dificuldades para desenvolvimento de espécies menos aptas à sobrevivência. Mesmo nativa, a espécie revela o desequilíbrio do estado de conservação do local.

Saí-azul em árvore de aroeira. Foto: Leonardo Merçon


PESQUISA E SOCIEDADE

A pesquisa avaliou o estado de conservação da restinga visando o desenvolvimento de políticas públicas e planos de manejo para a região. Os dados oferecem um registro histórico do local, e podem contribuir com futuras intervenções em uma das regiões de grande especulação imobiliária da Grande Vitória.

Desenvolvimento da pesquisa na Praia de Itaparica. Foto: Leonardo Merçon


A integração do meio acadêmico à sociedade é um dos grandes pilares da divulgação científica. O Instituto Últimos Refúgios ressalta a importância da democratização ao acesso à ciência para toda a população, destacando o papel das universidades na busca por novos conhecimentos, descobertas e na forma com que lidamos com o meio ambiente.


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