ABELHAS em foco: oficina de observação é implementada em núcleo de estudantes do Instituto Terra
Instituto Últimos Refúgios realiza atividade do Clube de
Observadores da Natureza para estudantes do Instituto Terra
Texto: Vanessa Yee e Leonardo Merçon
O diretor/fundador do Instituto Últimos Refúgios e fotógrafo de natureza Leonardo Merçon implementou a atividade do "Clube de Observadores da Natureza" no NERE (Núcleo de Estudos em Restauração Ecossistêmica) do Instituto Terra.
Alunos do NERE que participaram da oficina e o fotógrafo Leonardo Merçon.
Os jovens alunos com recém-formação nas áreas técnicas da Agropecuária, Agricultura, Florestal, Meio Ambiente e afins participaram de uma oficina de ciência cidadã por dois dias, que contou com uma aula presencial teórica e uma vivência de campo onde puderam colocar em prática os ensinamentos de fotografia de natureza, ciência cidadã e criar uma história sobre a fauna da região.
Os animais escolhidos para serem protagonistas das imagens foram as abelhas, devido ao projeto "Meliponário Escola do Instituto Terra" que exerce dupla função na instituição: ambiental, visto que a criação de abelhas nativas serve para a polinização das espécies arbóreas nativas, e a com foco na educação, pois é possível realizar cursos de capacitação e demonstrar para turmas de estudantes como funciona toda a estrutura da produção de mel e difundir essa importante informação na região do vale do Rio Doce.
Após as atividades de campo, com as imagens em mãos, alunos e professor analisaram e selecionaram as melhores, desenvolvendo uma narrativa acerca desse peculiar inseto.
Confira o resultado:
ABELHAS NO INSTITUTO TERRA
Expansão do Meliponário Escola do Instituto Terra
Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), das 141 espécies de plantas que utilizamos na nossa alimentação, cerca de 60% (85 espécies) dependem, em certa medida, das abelhas para serem produzidas. No mundo, esse valor chega a 75%, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Fonte: comunica.ufu.br/noticia/2019/12/por-que-nossa-vida-depende-da-presenca-das-abelhas
Uruçu-amarela na entrada da colméia. Foto: Allan Pereira.
No Brasil, grande parte da produção de mel e de outros produtos derivados da meliponicultura (atividade que é exercida pelo Instituto Terra) dependem das matas nativas para a obtenção de néctar, pólen e resinas.
Por este motivo, o meliponicultor é naturalmente um defensor da natureza e trabalha por sua preservação.
Meliponário é a denominação de um conjunto de colmeias de abelhas nativas sem ferrão, devidamente instaladas em uma área geográfica. Podem ser destinados à meliponicultura fixa, quando são construídos para receberem colmeias que permanecerão definitivamente na área, ou destinados para a meliponicultura migratória, quando recebem colmeias apenas durante um determinado período do ano, para exploração de floradas específicas.
A escolha do local e a instalação do meliponário são dois pontos de grande importância para o sucesso para a atividade, assim como na apicultura (criação de abelhas Apis, vindas de outros países), que possui o mesmo princípio.
No Instituto Terra elas foram bem instaladas, já que precisam de boas floradas, disponibilidade de água e sombreamentos, tudo que existe na reserva, graças ao reflorestamento de uma grande área que antes era pasto.
Abaixo, algumas das abelhas registradas no Instituto Terra pelos participantes da oficina do Clube de Observadores da Natureza. Algumas são de colmeias introduzidas na RPPN e o outras tiveram um retorno natural;
Descrição das espécies da galeria: Mamangava. Foto: Allan Pereira / Abelha-cachorro. Foto: Luiz Guilherme / Abelha cachorrinho. Foto: Charliéu Vitoriano / Abelha boca-de-sapo. Foto: Allan Pereira / Abelha boca-de-sapo. Foto: Wilma Holiver / Abelha metálica. Foto: Dhuliana Pinho / Apis Melifera. Foto: Allan Pereira / Jataí-amarela (Tetragonisca angustula). Foto: Breno Fernandes / Mamangava (Bombus morio). Foto: Arlon Mattos / Abelha Iraí. Foto: Breno Fernandes.
DIFERENÇA DAS ESPÉCIES NATIVAS E EXÓTICAS:
As Meliponas e das Apis (exóticas)
Existem mais de 1500 espécies de abelhas nativas no Brasil (fonte: Embrapa), a maioria solitárias. As espécies sociais, com destaque para as abelhas sem ferrão, são mais de 300 espécies. No Instituto Terra podem ser encontradas algumas delas. A criação de abelhas nativas sem ferrão, é chamada de MELIPONICULTURA.
Foto 01: Abelha-cachorro (Trigona spinipes) Fotografia: Arlon Mattos |
Foto 02: Abelha rainha de Uruçu-amarela. Foto: Hionnara Rocha.
Já a APICULTURA é o manejo das abelhas como a Apis mellifera scutellata veio do leste da África. Também conhecida como "Abelha-Africana", é uma espécie muito agressiva, polinizadora, enxameadora e migratória. Foi introduzida no Brasil para pesquisas científicas, mas acabou escapando do cativeiro. No cruzamento com as raças aqui existentes, produziu um híbrido que passou a ser chamado de abelha africanizada. Alastrou-se rapidamente por todo o país. Sem meios de exterminá-la, os apicultores brasileiros se uniram em associações, com o objetivo de utilizá-la como produtora de mel. Com o desenvolvimento de novas técnicas e a utilização de medidas de segurança, foi possível obter uma boa produção de mel, o que possibilitou um desenvolvimento acentuado da apicultura no Brasil.
Abelha-europa (Apis mellifera). Foto: Breno Fernandes
ESPÉCIES DE PLANTAS QUE AS ABELHAS VISITAM
No Instituto, as mais variadas espécies de plantas com flores, fazem do local um ótimo lar para as abelhas.
Especialidades e Nichos;
Descrição das espécies: Abelha Apis coletando mel. Foto: Gabriel de Oliveira / Amor-agarradinho (Antigonon leptopus). Foto: Dhuliana Pinho / Abelha em flor de cuia-de-macaco. Foto: Breno Fernandes.
IMPORTÂNCIA DAS ESPÉCIES NO ECOSSISTEMA
- Predadores
Descrição das espécies: Aranha capturando a abelha. Foto: Wilma Holiver / Aranha capturando a abelha. Foto:Dhuliana Pinho / Lagarta-mede-palmos (predadora de abelhas). Foto: Gabriel de Oliveira / Libélula predadora de abelha. Foto: Allan Rosa.
FLORES
Flora apicola (Plantas que as abelhas visitam);
Descrição das espécies: Ninféia-Vermelha (Nymphaea rubra) Foto: Hionnara Rocha / Flor-leopardo (Belamcanda chinensis) Foto: Luiz Guilherme / Manto-de-rei (Thunbergia erecta) Foto: Luiz Guilherme / Margaridão (Sphagneticola trilobata). Foto: Luiz Guilherme.
“As flores amarelas são especialmente atrativas para todo tipo de inseto polinizador. O mais importante é que elas gostam de quando o canteiro de flores se enche todo de uma vez”, explica.
Descrição das espécies: Floração de “Sorvetão”. Foto: Charliéu Vitoriano / Floração de Jabuticaba. Foto: Charliéu Vitoriano / Flor Ixora. Foto: Allan Pereira / Flor de carambola. Foto: Hionnara Rocha / Flor de Cuia-de-macado. Foto: Mayara Locateli / Flor de mussaenda. Foto: Gabriel de Oliveira.
POLINIZADORES
Aproximadamente, 90% das espécies de plantas do mundo dependem da polinização. Inclusive, essa taxa pode chegar a 94% em regiões tropicais. Isso quer dizer que os polinizadores são essenciais para a manutenção da vida.
Além disso, têm papel fundamental na produção de alimentos. Estima-se que, somente no Brasil, eles economizam 12 bilhões ao ano. Esse seria o valor gasto com os produtores de alimentos caso necessitassem fazer o serviço dos animais polinizadores.
Diversos animais são polinizadores. Embora as abelhas sejam as mais conhecidas, outros insetos são igualmente importantes para a vida na Terra, bem como muitos pássaros e mamíferos.
Borboletas polinizadoras encontradas no Instituto Terra;
Descrição das espécies: Burnsius oileus. Foto: Gabriel de Oliveira / Hamadryas laodamia. Foto; Luiz Guilherme / Borboleta hamadryas laodamia. Foto: Allan Pereira / Foto de borboleta. Foto: Breno Fernandes / Borboleta polinizando flor. Foto: Breno Fernandes.
Outras espécies polinizadores
Foto 01: Beija-Flor-Tesoura (Eupetomena macroura). Foto: Arlon Mattos (arquivo) |
Foto 02: Vespa polinizadora Foto: Luiz Guilherme
PRODUÇÃO DE MEL
Processo de Captura e introdução nas colmeias;
Em 2022 houve o início do povoamento do Meliponário Escola por meio da aquisição de enxames de abelhas nativas como a Uruçu-amarela, Mandaçaia e Mandaguari- preta. Logo após a divisão, a multiplicação desses enxames foi realizada para expandir a quantidade de colméias, por fim, foram instaladas iscas com o objetivo de captar os enxames para criação racional. Esses alveários poderão ser doados às escolas e pequenos agricultores nas atividades pedagógicas.
Foto 01: Armadilha para captura de Meliponas. Fotografia: Gabriel de Oliveira |
Foto 02: Armadilha. Foto: Gabriel de Oliveira
Enxames em fortificação e produção;
Descrição das fotos: Colmeia em funcionamento. Foto: Gabriel Oliveira / Colmeia em funcionamento. Foto: Gabriel de Oliveira / Colméia de abelha Jataí. Foto: Luiz Guilherme.
DIFERENÇA DA MELIPONICULTURA DA APICULTURA
Existem duas classificações diferentes para a atividade de produção de abelhas e seus derivados. É comum a generalização do termo “apicultura”, mas nem sempre é o correto.
A apicultura é a atividade de criação de espécies de abelhas com ferrão do gênero Apis (exóticas no Brasil) para fins de produção de mel, pólen apícola, própolis, cera de abelhas, geleia real e apitoxina ou para serviços de polinização.
Meliponicultura é a atividade de criação de espécies de abelhas sem ferrão (nativas do Brasil), também conhecidas como abelhas indígenas, abelhas nativas ou meliponíneos, como é o caso do projeto.
Elas têm sido cada vez mais valorizadas na gastronomia por seu mel apresentar características únicas que variam de acordo com o seu tipo e as flores que as operárias usam para buscar o néctar para a produção do mesmo.
Fonte: Associação Brasileira de Estudo das Abelhas
Manejo e equipamentos;
Geilson (parceiro do IT na introdução das colmeias de Melipona) - Descrição das fotos: Abertura de Colmeias da Uruçu-Amarela (Melipona rufiventris). Foto: Dhuliana Pinho / Professor Geilson explicando como manejar a abertura da caixa da abelha uruçu. Foto: Hionnara Rocha / Professor Geilson explicando como manejar a abertura da caixa da abelha uruçu. Foto: Hionnara Rocha / Sobreninho de uma colmeia da abelha Uruçu-Amarela (Melipona rufiventris). Foto: Charliéu Vitoriano / Abertura de colméia. Foto: Charliéu Vitoriano / Professor Geilson explicando como manejar a abertura da caixa da abelha uruçu. Foto: Wilma Holiver / Professor Geilson explicando como manejar a abertura da caixa da abelha uruçu. Foto: Hionnara Rocha / Introdução das colmeias de Meliponas. Foto: Dhuliana Pinho.
RESULTADOS
Produção de sementes e frutos na RPPN;
As meliponas cumprem um papel de extrema importância na reprodução das plantas nativas, promovendo a polinização cruzada e, como consequência, a formação de frutos e sementes, favorecendo, assim, a conservação da biodiversidade. As abelhas presentes no Instituto Terra ajudam a manter a floresta em pé.
Descrição das fotos: Frutos e sementes de Ixora. Foto: Elini Dias / Carambola. Foto: Arlon Mattos / Cajá-mirim. Foto: Luana Ferreira / Foto FLORESTA EM PÉ, no Instituto Terra, com a ajuda das Abelhas.
CRÉDITOS
Equipe do Instituto Últimos Refúgios
Leonardo Merçon
Amanda Bolonha
Vanessa Yee
Vitor Pinheiro
Estudantes do NERE
ALLAN ROSA PEREIRA
CAROLAINE BARBOSA MACIEL
CHARLIÉU PEREIRA VITORIANO
DHULIANA PINHO DA SILVA
ELINI DIAS SOARES
FABIO JUNIO PAULO FERREIRA
GABRIEL DE OLIVEIRA CRUZ
HIONNARA ROCHA DA SILVA
JONAS LIMA DOS SANTOS SILVA
LUANA FERREIRA DA SILVA
LUIZ GUILHERME SIQUEIRA NASCIMENTO
MAYARA DOS SANTOS LOCATELI
RAFAEL FERREIRA NUNES
RAMON SILVA DOS SANTOS
WILMARLINE SILVA OLIVEIRA
Colaboradores do Instituto Terra
Arlon Mattos
Jeieli Oliveira
Kayla Fagiole
Lucas Barcelos
Mário Constantino
Apoio Fodation D’entreprise Airfrance
“Apoio para a ampliação da estrutura do Meliponário do Instituto Terra, para otimização de seu potencial educacional e transformando em um Meliponário Escola.”
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