Cinzas no coração da Cerrado
Já considerado pelo ICMBio o maior da história da Unidade de Conservação, o incêndio que atingiu recentemente a Chapada dos Veadeiros destruiu mais de 66 mil hectares de um dos nossos paraísos, equivalente a 28% da área total.
Existem suspeitas de que o incêndio que atingiu o Parque Nacional a partir do dia 18 de outubro tenha sido criminoso, pois o fogo teve início em uma área onde o ICMBio não estava atuando e quem o provocou aproveitou a direção do vento para que as chamas se espalhassem rapidamente. É o que afirma o coordenador de prevenção e combate ao fogo do ICMBio, Christian Berlink. As polícias ambiental e civil de Goiás estão investigando relatos de que um dos incendiários utilizou uma motocicleta e galões de combustível para atear fogo em áreas escolhidas por alguém que conhece a região e o comportamento do fogo. O ministro do Meio Ambiente, Marcelo Cruz, disse que solicitou ao Ministério da Justiça o apoio da Polícia Federal, já que o parque é uma Unidade de Conservação da União. As ações também têm o apoio do Ministério da Defesa.
Na última sexta feira (27) a chuva chegou e amenizou um pouco da destruição causada pelas chamas. Porém, um raio originou um novo foco de queimada no interior do parque. Segundo o ICMBio, no dia seguinte caiu uma chuva que cobriu 100% da área do parque e após sobrevoar a área as equipes de combate não avistaram mais focos de incêndio. A boa notícia é que agora o incêndio está sob controle, embora ainda seja cedo para afirmar que está extinto. Apesar de estar controlado, o incêndio atingiu uma área extensa e os danos são imensuráveis.
Essa é a maior reserva de Cerrado do mundo, importante bioma brasileiro, com 240 mil hectares, é um dos biomas mais ricos em biodiversidade do país e é aqui, nesta região, que estão 62% das cavernas brasileiras, que ajudam a água da chuva a ir para o lençol freático, que são importantes reservatórios de água doce continentais, aflorando em nascentes e formando rios e bacias hidrográficas. Estima-se que existam mais de 320 mil espécies de animais e 12 mil espécies vegetais, muitas delas endêmicas. Dentre os animais encontrados no bioma do Cerrado, estão o tamanduá-bandeira, o lobo-guará, a seriema e a ema, a arara-canindé e a arara-vermelha, tucanos, gaviões, corujas, mochos, pica-paus, o pombão, o tatu-peba, o tatu-galinha, o tatu-canastra, o tatu-de-rabo-mole, o tamanduá-mirim, o veado campeiro, o cateto, a anta, o cachorro-do-mato, o cachorro-vinagre, o gato mourisco, e muito raramente a onça-parda e a onça-pintada.
Já as espécies de plantas típicas do cerrado são o araticum, o coco babaçu, o bacuri, a palmeira buriti, a cagaita, o cajú, cajá e cajuí, o capim-dourado muito usado em artesanato regional, a carnaúba de onde extrai-se a cera, o jatobá, a macaúba, a mangaba, a lobeira, cujas sementes são espalhadas pelas fezes do lobo-guará, o murici, o pequi, a pitomba e o umbu. No Cerrado vivem colônias de abelhas nativas do Brasil, como a jataí e a iraí, que não possuem ferrão e produzem um mel de excelente qualidade, além de contribuir para a polinização da vegetação deste rico e belíssimo ecossistema brasileiro.
As imagens que ilustram esta matéria foram registradas no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e arredores em fevereiro de 2015 pelo fotógrafo Leonardo Merçon, durante expedição fotográfica.
* Texto de Cristina Zampa Sanchez e Aline Soares, voluntárias do Instituto Últimos Refúgios.
* Fotos de Leornado Merçon, fotógrafo de natureza e conservação, voluntário do Instituto Últimos Refúgios (Instagram - @leonardomercon).
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REFERÊNCIAS