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Luis Francisco

As Corujas de Sooretama


Corujas são aves de rapina, tradicionalmente noturna, das famílias Tytonidae e Strigidae. Possuem visão e audição apuradas, conseguindo enxergar pequenos animais mesmo na noite mais escura e ouvir o menor dos ruídos, ainda que seja de algum pequeno roedor por baixo da terra. Além disso, conseguem girar a cabeça 270º (3/4 de uma volta) auxiliando na visão, e possuem penas serrilhadas que não produzem ruído durante o voo. Tudo isso faz das corujas predadores precisos e silenciosos. No Brasil ocorrem 23 espécies de corujas, e na Mata Atlântica, em torno de 16 espécies, sendo 5 endêmicas. Elas atuam no controle populacional de pequenos mamíferos (como roedores e morcegos), aves de pequeno porte, répteis, insetos e aranhas, pois são predadores de todos esses grupos, tornando bastante interessante a sua presença, ao contrário do que alguns pensam.


Presas das corujas (cuíca, cigarra, aranha, morcegos, lagarto e ave.


Nas listas de espécies ameaçadas, as corujas aparecem como “espécies com dados desconhecidos”, refletindo a falta de informação sobre a biologia e a distribuição desse grupo. Sabemos porém que a maioria das mortes não naturais das corujas são por eletrocussão, colisões (atropelamento, cercas de arame farpado), intoxicação, caça (devido a sua “má fama”), e degradação de seu ambiente natural.


Culturas mais antigas tradicionalmente associam corujas a prosperidade, filosofia e sabedoria, devido ao “poder” da sua visão, e também ao azar e a morte, devido a seus hábitos silenciosos e noturnos. Infelizmente é essa segunda característica que foi mais efetivamente passada a diante. No Brasil, alguns indígenas tinham as corujas como aves sagradas, acreditando que elas traziam sorte para a tribo. No norte, caboclos mais antigos consideravam o Caburé (Glaucidium brasilianum) como ave de boa sorte, e por isso suas penas eram usadas como amuletos. Alguns povoados amazônicos dizem que o Murucututu (Pulsatrix perspicillata) é uma alma penada castigada pelo mal que fez em vida, condenada a vagar pelas florestas na forma de coruja, sem que ninguém se aproxime dela.


Caburé.


Na ReBio de Sooretama, há registro de pelo menos 9 das 16 espécies que ocorrem na Mata Atlântica, sendo algumas delas a Coruja-da-igreja (Tyto furcata), Murucututu-de-barriga-amarela (Pulsatrix koeniswaldiana), Coruja-preta (Strix huhula), e Coruja-buraqueira (Athene cunicularia). Apesar das espécies da ReBio aparecerem com estado de conservação de “pouco preocupante”, isso se da mais por conta da escassez de informação do que por serem espécies de fato bem conservadas.


Coruja-de-igreja e coruja-buraqueira.


Ao invés de julgarmos essas belas aves pela sua injusta fama de agourenta, devemos conscientizar as pessoas da necessidade e dos benefícios das corujas no ambiente, e promover a divulgação e conservação desse grupo e de seus habitats, como por exemplo a própria Reserva de Sooretama, que apesar de contar com toda a proteção que uma ReBio possui, ainda sofre com ações ilegais de caça, e com perda de área florestal. Referências:

  • MOTTA-JUNIOR, José Carlos; BUENO, A. de A.; BRAGA, Ana Cláudia Rocha. Corujas brasileiras. Departamento de Ecologia, Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, 2004.

  • Aves de Rapina do Brasil, http://www.avesderapinabrasil.com/materias/corujas_brasileiras.htm

  • http://www.dicionariodesimbolos.com.br/coruja/

  • http://www.globalowlproject.com/

  • http://www.icmbio.gov.br/rebiosooretama/

  • http://www.significados.com.br/coruja/

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