VITÓRIA - ESPÍRITO SANTO
O Projeto de Conservação da Baía das Tartarugas tem como objetivo geral realizar e fomentar pesquisas científicas, comunicação (cultural e difusão científica), sensibilização ambiental e fomento ao turismo na Unidade de Conservação APA BAÍA DAS TARTARUGAS, localizada em Vitória-ES.
PROJETO DE CONSERVAÇÃO DA BAÍA DAS TARTARUGAS
ÁREA DE ATUAÇÃO
A Área de Proteção Ambiental (APA) Baía das Tartarugas é uma nova Unidade de Conservação (UC) de uso sustentável, que foi decretada pela Prefeitura do Município de Vitória em 2018. A APA, gerida pela Prefeitura Municipal de Vitória, tem o intuito de desenvolver atividades de re-significar a área que possui uma das mais ricas biodiversidades do mundo, mesmo estando localizada em uma área urbana.
O PROJETO
O Instituto Últimos Refúgios teve a iniciativa de criar o Projeto de Conservação da Baía das Tartarugas com o objetivo geral de realizar e fomentar pesquisas científicas, comunicação (cultural e difusão científica), sensibilização ambiental e fomento ao turismo. Tendo como foco a valorização da biodiversidade e propostas para evolução do contexto social local.
É importante frisar que o Projeto não tem a pretensão de substituir ou sobrepor o órgão gestor (PMV), o conselho da UC, ou quaisquer outras instituições que atuem no local, mas sim fortalecer os esforços de conservação.Estamos abertos à parceria de pessoas e outras instituições.
JUNTOS PELA BAÍA DAS TARTARUGAS!
A região litorânea de Vitória-ES, recentemente, em 2018, tornou-se a primeira Unidade de Conservação Marinha de Vitória por meio do Decreto Municipal nº 17.342, que foi publicado no Diário Oficial do município (BRASIL, 2018).
De acordo com este decreto, a nova Área de Proteção Ambiental (APA), que recebeu o título de “Baía das Tartarugas”, envolve toda a Baía do Espírito Santo, englobando a Praia de Camburi, Praia do Canto e Ilhas do Boi e do Frade, somando uma área de 1.685,47 hectares.
A APA Baía das Tartarugas é administrada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Vitória (SEMMAM) e visa uma melhoria na qualidade ambiental e na preservação da biodiversidade marinha do ecossistema costeiro. Buscando planos de recuperação e preservação da área, a Secretaria busca a elaboração do Plano de Manejo da nova Unidade de Conservação (PREFEITURA DE VITÓRIA, 2018).
Neste sentido, o Instituto Últimos Refúgios teve a iniciativa de criar o Projeto de Conservação da Baía das Tartarugas, com a pretensão de entender o contexto ambiental e social, apoiando e dando subsídio para a adoção de medidas públicas para a conservação da APA, bem como divulgar e valorizar a biodiversidade existente sensibilizando os usuários da Baía. Buscando também alternativas para solucionar problemas sociais frequentes na área, como pesca predatória e poluição.
A APA BAÍA DAS TARTARUGAS
Sabe-se que a Grande Vitória sofre há anos com a pressão imobiliária em suas praias, a poluição do mar por empreendimentos diversos, o despejo de esgoto “in natura”, a pesca predatória e o lixo descartado incorretamente, tanto nas praias, quanto nos rios que desaguam no entorno da APA. Esses são apenas alguns problemas, dentre tantos outros, que uma Unidade de Conservação dentro de uma capital sofre.
Algumas espécies que sofrem com pressões antrópicas na região, encontram-se em categorias de ameaça. Segundo o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, a Tartaruga-verde (Chelonia mydas), uma das espécies de tartarugas marinhas de ocorrência na APA, encontra-se em categoria vulnerável, devido à maturação tardia, tornando sua recuperação lenta (ICMBIO, 2018).
Entretanto, é importante salientar que Vitória é situada dentro de uma região estuarina, que é favorável à manutenção de ecossistemas. Tendo em seu território, por exemplo, um grande manguezal. De acordo com PORTO, et al. (2007) um dos maiores manguezais urbanos no país se encontra em Vitória, no Espírito Santo, com área superior a 800 hectares.
O manguezal, além de ser considerado um berçário para diversas espécies marinhas, também apresenta importância econômica para a população, que retira dele seu sustento. Por ser uma área de transição entre o ambiente terrestre e marinho, muitas espécies se beneficiam dessa riqueza de nutrientes que ele proporciona. Além de prover abrigo para muitas espécies marinhas que o utilizam como área de reprodução.
Um grande exemplo desse beneficiamento é o peixe Mero (Epinephelus itajara), que em sua fase juvenil pode ser encontrado nos estuários entre raízes de mangues. O mero é caracterizado por ser uma espécie eurialina, que apresenta adaptações fisiológicas para suportar variações de salinidade (PEREIRA et al, 2021) e, também está listado na categoria vulnerável da lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção, tendo a última avaliação feita em 2016 (IUCN, 2021).
Além de reforçada pelos manguezais, um fato interessante é que a Baía das Tartarugas representa o início da cadeia de Vitória-Trindade e também do Banco dos Abrolhos, que são mundialmente conhecidos por sua grande diversidade de espécies e importância ecológica, ambos possuindo um enorme potencial para manutenção do ecossistema marinho. Além disso, a localização geográfica de Vitória faz com que seja beneficiada pelo encontro de correntes marinhas vindas do sul (mais frias) e correntes vindas do norte (mais quentes). Isso fez com que o clima da região se mantivesse estável por milhões de anos, sendo menos vulnerável às variações climáticas do planeta. Não é por coincidência que muitas espécies escolham o Espírito Santo e a Bahia como seu berçário, a exemplo das tartarugas-de-couro e das baleias-jubarte.
A presença destes fatores podem ser grandes influenciadores da existência de uma ampla biodiversidade ainda encontrada na Baía das Tartarugas, principalmente as tartarugas marinhas e peixes recifais, que mesmo ameaçados, ainda são abundantes na APA. Motivo que elegeram, as tartarugas, em especial, como personagem fundamental para a escolha do nome da Unidade de Conservação.
CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROJETO
Atualmente, composta por 33 ilhas (Prefeitura de Vitória, 2019), estimando 365.855 habitantes (IBGE, 2020), Vitória é o centro da Grande Vitória, uma Região Metropolitana que reúne outros seis municípios: Serra, Fundão, Cariacica, Vila Velha, Viana e Guarapari. A cidade reúne também, características positivas em relação às condições sociais, econômicas, políticas e culturais, para a conservação e sustentabilidade da APA Baía das Tartarugas.
No entanto, o crescimento urbano também apresenta diversas interferências antrópicas, que resultam em consequências por vezes irreversíveis. A utilização inadequada dos recursos naturais, a poluição em forma de várias vertentes e a fragmentação do ecossistema marinho com ocupação desordenada, são exemplos de impactos antrópicos.
Diante disso, o Projeto de Conservação Baía das Tartarugas visa a evolução do mapeamento da área, pontuando as questões naturais e sociais, com identificação dos principais atrativos naturais, empreendimentos, roteiros e circuitos turísticos (inclusive com uso de GPS/GIS). Além da identificação da biodiversidade e das interações negativas. O projeto busca a conservação da APA através da pesquisa, difusão científica, educação ambiental, fomento ao turismo / esportes e mitigação de conflitos, com o objetivo de sensibilizar a sociedade e propor soluções ambientais.
Outra vertente que justifica a iniciativa deste projeto, é a carência de registros fotográficos e vídeos documentais (e sua divulgação) de qualidade sobre os aspectos naturais e sociais da região e, consequentemente, a falta de conhecimento da riqueza de biodiversidade existente e das normas de utilização que regem a APA.
É importante destacar que, embora exista material de cunho científico sobre a APA, pouco foi produzido, fora do escopo do projeto e de iniciativas isoladas de ONGs locais, para divulgar a importância da mesma junto ao público não especializado (difusão científica). Esse público, denominado público de interesse geral, pode ser atingido utilizando-se ferramentas culturais e de atividades conectadas à divulgação científica.
A falta de conhecimento pode culminar em uma população menos sensível às questões ambientais. Com o alcance das mídias e a captação do interesse da sociedade, os gestores públicos passam a dar mais atenção às questões ambientais e, por sua vez, tomar medidas para que aquele bem natural seja melhor protegido e/ou recuperado.
ATUAÇÃO ANTES DA CRIAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
A proposta do projeto foi iniciada em dezembro de 2016, antes da criação da APA. As ações foram somadas aos esforços de parceiros para a criação da Unidade de Conservação. Nossa participação foi por meio do mapeamento e divulgação do ambiente e da fauna da Baía das Tartarugas, assim como a apresentação dos resultados ao governo municipal e estadual. A grande biodiversidade marinha surpreendeu os envolvidos e ajudou a sensibilizar os responsáveis pela criação da APA Baía das Tartarugas.
Desde então, iniciativas visando a promoção e conservação da Unidade de Conservação foram colocadas em prática pelo Instituto Últimos Refúgios, somando forças às outras iniciativas locais de proteger a área.
AÇÕES DO PROJETO - ATUAIS E FUTURAS
O início dos esforços do mapeamento da Baía das Tartarugas, mesmo que preliminares, já trouxeram uma clareza sobre a situação ecológica e social envolvendo a Baía das Tartarugas.
Foram mapeadas algumas das áreas de mergulho, identificando os conflitos mais eminentes e elencando algumas das espécies bandeira, as quais podem ser utilizadas como símbolos da conservação local. Com mais de 50 incursões realizadas, o projeto já possui um bom material fotográfico e audiovisual sobre a APA, todos com data, localidade e espécies identificadas.
Pretende-se expandir esse monitoramento para todas as áras da Baía das Tartarugas e também realizar o levantamento social.
MAPEAMENTO PRELIMINAR
Para que a população e governo valorizem ainda mais a APA, a equipe do Projeto de Conservação da Baía das Tartarugas já conseguiu fazer com que as riquezas naturais da Baía das Tartarugas fossem noticiadas em matérias em veículos de imprensa locais, estaduais e nacionais. Inclusive uma inserção na edição impressa da National Geographic.
DIVULGAÇÃO DAS BELEZAS
PARCERIA
O Instituto Últimos Refúgios em parceira com a Vale, iniciou um projeto envolvendo o ecossistema de restinga da Orla de Camburi em Vitória-ES, por meio de ações de sensibilização ambiental. Proporcionando através de diálogos, capacitações, educação ambiental e difusão científica, uma evolução da mentalidade sobre a restinga e sua importância para a biodiversidade.
PROJETO VITÓRIA DA RESTINGA
PARCERIA
O problema do descarte incorreto de resíduos sólidos é uma constante na sociedade contemporânea. O Instituto Últimos Refúgios através de uma parceria com a SAMIFRA e a Vale, iniciou um projeto de coleta de resíduos e sensibilização ambiental na Ilha do Frade, em Vitória-ES, um projeto piloto, com o potencial de ser replicado em outras localidades. As ações envolvem o desenvolvimento de coleta seletiva envolvendo cooperativas que geram renda através dos resíduos coletados e, não menos importante, a conscientização dos moradores para participarem da iniciativa.
PROJETO ECOFRADE
São produzidas fotografias e vídeos de toda a rica biodiversidade e interações sociais da Baía das Tartarugas. Com esse material em arquivo, são produzidas peças gráficas (digitais e impressas) e apresentando a natureza local, o projeto e as propostas de turismo sustentável.
PRODUÇÃO DE FOTO E VÍDEOS
Elaboração de material gráfico (digital e/ou impresso) divulgando as belezas naturais, bem como informando as boas práticas relacionadas à Unidades de Conservação com configuração de APA, identificando interações antrópicas e impactos ambientais, sugerindo alternativas mitigadoras para a redução dos impactos. Esse tipo de material pode chamar a atenção para muitas pessoas que utilizam a Unidade de Conservação e seus atrativos naturais.
PRODUTOS CULTURAIS
O projeto tem o intuito de sensibilizar um público abrangente, envolvendo a sociedade capixaba, pescadores, usuários da APA, professores e alunos da Grande Vitória e região. Além do público especializado formado por pesquisadores, professores, biólogos, técnicos e artistas.
Para isso, pretendemos desenvolver e apoiar ações de sensibilização ambiental desenvolvidas pelo poder público e por outras instituíções, assim como o Instituto Últimos Refúgios já vem fazendo durante mais de 1 década.
AÇÕES DE SENSIBILIZAÇÃO
INSTAGRAM DO PROJETO
VIDEOS
Juntos pela Baia das Tartarugas
LOCALIZAÇÃO DA APA BAÍA DAS TARTARUGAS